29.5.06

Estou em busca de um livro e não acho o dito cujo em nenhuma livraria. O pior é que o tive nas mãos no stand da editora, durante o congresso, mas achei que o encontraria fácil depois.
Aproveitando o horário de almoço, fui até a livraria que fica em frente ao prédio do meu escritório ver se lá tinha o livro que eu quero comprar.
Adoro livros e adoro comprar livros, mas não consigo me situar direito na organização e arrumação deles nas livrarias. Acho que meu cérebro não consegue muito decifrar a lógica que eles usam para arrumar os benditos. Procura daqui, procura dali. Entorta a cabeça pra direita pra ler o que estão colocados com o nome de cima pra baixo. Entorta a cabeça pra esquerda para ler os com nome de baixo pra cima. Chega uma hora que o pescoço começa a doer, e os olhos arder.
Desisto. Já nem consigo mais registrar os nomes que leio. O jeito é procurar um vendedor. Um parêntese para dizer que não acho graça em perguntar pro vendedor se tem o livro tal. Gosto, mesmo que quase nunca eu consiga encontrar, de olhar nas prateleiras até achar o que quero, ao mesmo tempo que descubro outros, que no momento nem quero, mas que passo logo a querer.
O vendedor estava atendendo uma mulher, uma daquelas que acha que só existe ela no mundo a ser atendida e que o vendedor está ali SÓ para atender a ela. Cinco minutos de espera e a mulher a bom falar sobre um monte de coisas, com a maior calma do mundo. E eu olhando pro relógio e vendo os minutos passarem.
Pensei com meus botões: essa mulher vai ficar a tarde toda aí, falando sem parar sobre esse monte de coisa e eu tenho que voltar pro trabalho. Já começando a me irritar, mas tentando conter a irritação. Outro parêntese: estou determinada a reduzir pelo menos pela metade a quantidade de vezes que me irrito com coisas que não tem importância... já consegui reduzir uns 30%, melhor que nada. E nessa tentativa de conter a irritação, começo a olhar os livros da prateleira que estava a meu lado. Dou de cara com o novo livro do James Hunt, o tal do Monge e o Executivo. Peguei o bicho pra dar uma olhada enquanto esperava. Folheio daqui, folheio de lá, leio a orelha (toda), olho os tópicos que o livro aborda, folheio de novo e a tal mulher ainda está falando sem parar.
A danada da irritação começa a dar sinal de vida novamente e eu na luta para ela não tomar conta de mim. Olho para todos os lados na tentativa de encontrar uma saída e vejo um outro vendedor disponível lá no final da livraria. Saio em disparada, mas outra mulher (parece praga isso) é mais rápida do que eu e chega primeiro. Parecia até a galera entrando nos trens do Metrô as 18 horas, voltando para casa depois do trabalho. Quem já viu e viveu sabe do que estou falando.
Nessa altura a irritação já estava dando pulos de alegria pois tinha conseguido vencer a competição. Mas mesmo muito irritada mantive a linha e esperei.
Enfim consegui ser atendida. Depois de uns 5 minutos tentando fazer o vendedor entender o que eu estava querendo, assumi a operação do terminal de consulta e descobri o que eu queria. O resultado? Não tinha o livro naquela livraria também.
A irritação nesse momento estava desfilando na avenida, ao som de uma bateria completa de escola de samba, com pelo menos uns 100 componentes, e sob o aplauso da multidão que ocupava as muitas arquibancadas. E eu arrasada, claro.
Sai feito bala da livraria. Cheguei ao escritório e ninguém tinha retornado. Coloquei bolsa em cima da mesa e comecei a trabalhar. Lá pelas 17 horas pego minha bolsa para achar algo e me surpreendo com o que vejo ao lado da bolsa. Não é que o livro que eu folheei na livraria enquanto esperava a mulher-que-falava-sem-parar e lutava contra a irritação estava ali. Como? Pensei. Como este livro veio parar aqui?
Gelei, paralisei, emudeci quando me dei conta da situação. Eu saí da livraria com o livro na mão, sem perceber que estava com o livro na mão e sem pagar o dito cujo. Qual o nome disso? pensei. Minha cabeça a bom processar as informações dos crimes do Código Penal Brasileiro. Pronto, sou uma criminosa, cometi um delito, furtei.
Logo o desconforto tomou conta de mim. Como pude fazer isto? E se alguém visse a cena e fosse atrás de mim na rua? Eu poderia ter sido presa como ladra. Imaginei logo a manchete no jornal no dia seguinte, com a minha cara estampada na pagina policial. E o pior: o jornal era o Extra.
Estava mesmo paralisada com a descoberta, até que superei o trauma, peguei o livro e vi o preço: R$ 19,00. Pai do Céu, pensei, ser acusada de furto por causa de um livro de R$ 19,00?!
Nesse momento chega uma colega de trabalho e vê a cena. Pergunta-me: o que houve? Que cara é essa?
Nem respondi. Peguei a bolsa, o livro e sai apressada. Entrei na livraria e perguntei: quem é o gerente? Fui até ele e contei tudo o que tinha ocorrido. Ele me olhou com uma cara espantada e ficou calado, mudo. E eu sem entender aquela reação, mas completamente constrangida, disse: moço, quero pagar o livro.
Pelo olhar e atitude dele não tive dúvidas sobre o que ele estava pensando: essa mulher é louca.
Paguei o livro, pedi para embrulhar e fui embora, sentindo um grande alívio.
25.4.06
PAZ E AMOR!

Algumas músicas me tocam profundamente e nem sei o porque... ou sei, sei lá.
Talvez porque sinta nelas uma grande e sutil sensibilidade, coisa que, acho eu, anda meio em falta no mundo dito moderno.
A música Lama nas Ruas, do querido e maravilhoso Zeca Pagodinho (a letra está postada lá embaixo), é uma dessas.
Ontem, no show que assisti no Rival, Dorina cantou esta musica e, pra variar, me emocionei muito, principalmente na parte que diz:
“Vim pra provar que o amor
Quando é puro, desperta e alerta o mortal
Aí é que o bem vence o mal
Deixa a chuva cair, que o bom tempo há de vir
Quando o amor decidir mudar o visual
Trazendo paz no sol.”
Amor e paz!
Dois sentimentos tão ansiados por muita gente, inclusive euzinha aqui, e que foi, inclusive, o slogan de uma geração inteira, os hyppies, com direito a símbolo e tudo. Quem não se lembra dos dois dedos levantados em forma de V ?
Mas há um enorme porém nisso: muita gente não consegue encontrá-los, infelizmente.
Porque será, hem?
Não tenho resposta pra isso, mas já tenho resposta de um lugar onde é possível de encontra-los: dentro de nós mesmos.
Não tem amor pelo outro que seja maior e mais importante do que o amor por si próprio.
E não tem paz maior do que a sentida la no fundo da alma. Aquela gerada pela convicção de que agimos sempre, sempre e sempre inspirados pela compaixão pelo próximo, principalmente por aqueles que estão próximos de nós e nos amam.
Acho que amor e paz tem tudo a ver com o bem: viver para o bem e sempre fazer o bem ao próximo. Para mim é inconcebível a possibilidade de paz e amor quando fazemos mal aos próximos.
Como muita gente, vivi grande parte da minha vida achando que encontraria a paz e o amor em algum príncipe encantado que eu encontraria um dia montado em um lindo e forte cavalo branco. Ou que encontraria a paz no dia em que me acontecesse isso ou aquilo. Ledo engano. Pura ilusão.
Descobri de uns tempos para cá um grande e poderoso caminho para a paz e o amor. Não tem momento em que eles aparecem mais forte do que quando medito e entro em contato comigo mesma. A sensação é indescritível, mas tem tudo a ver com a foto no início deste post.
Claro que isso não significa que abro mão da paz no mundo e paz com os amigos. Nem tampouco que não queira encontrar o príncipe com o qual viverei muitooooooooooooooos e lindos momentos de muitaaaaaaaaaaaaaaa paz e amor.
Porém, todavia e contudo essa paz e esse amor interno é maior do que tudo. E disso não quero mais abrir mão, em nome de nada e nem por nada.
Aí vai a letra desse lindo samba:
Lama Nas Ruas
Zeca Pagodinho
Deixa desaguar tempestade
Inundar a cidade
Porque arde um sol dentro de nós
Queixas, saber bem que não temos
E seremos serenos
Sentiremos prazer no tom da nossa voz
Veja o olhar de quem ama
Não reflete um drama, não
a expressão mais sincera, sim
Vim pra provar que o amor
Quando é puro, desperta e alerta o mortal
Aí é que o bem vence o mal
Deixa a chuva cair, que bom tempo há de vir
Quando o amor decidir mudar o visual
Trazendo paz no sol
Que importa se o tempo lá fora vai mal
Que importa
Se há tanta lama nas ruas
E o céu é deserto e sem brilho de luar
Se o clarão da luz do teu olhar vem me guiar
Conduz meus passos
Por onde quer que eu vá
Se há...
LINDO DEMAIS!
12.1.06
Balanço anual

Num adianta mesmo. Todo ano eu digo para mim mesma que não vou mais fazer um balanço de perdas e ganhos e muito menos programar e prometer fazer nada no ano que se inicia... mas acabo fazendo. Ok, ok, sei que estou longe de ser uma pessoa "normal", então só pode dar nisso mesmo: fazer algo que promete não mais fazer. Bem que tento entrar na onda "Pagodinho" e seguir deixando "a vida me levar", mas as programações mentais são fortes demais e eis-me aqui registrando mais um balanço anual de minha life.
Começo por onde? Perdas? Ganhos? Sei lá. Por intuição, e surperstição, vou começar pelos ganhos:
- ganhei mais dinheiro que em 2004
- construi minha empresa com a cara que eu queria que ela tivesse... quer dizer.... são mais esboços de caras do que cara propriamente dita, pois estou apenas no começo da construção.
- entrei para um grupo maravilhoso: Sambamantes, no qual conheci pessoas lindas e maravilhosas, em especial: Luzinete, Tomé, Mariana, Thais 1 e 2, Zé, Lígia, Isis, Vanja, Habba, Antonio, Fátima, Adria.
- libertei meu coração e pude enxergar sem a visão, neste caso completa e totalmente míope, do sentimento passional a verdadeira "cara" da pessoa. Cairam máscaras, sumiram as imagens irreais, caí na real e me libertei, me abri e tô na pista.
- tô transformando minha casinha no lugar mais aconchegante, lindo e gostoso do mundo (para mim, claro).
- assumi algumas mazelas minhas e investi em mudar e melhorar. Tô no processo.
- consegui passar 15 dias seguidos na minha terra natal e no período que eu mais desejava passar.
- um natal maravilhoso, com família GRANDE em torno de mim, muitos presentes embaixo da árvore, muita comida na mesa e muita alegria e harmonia.
- um genro legal e mais um neto a caminho
- consciência de que tudo na vida é tão fugaz e que tenho que cuidar muito bem do que é importante para mim.
Agora a parte não tão boa: as perdas. Arghhhh, eis:
hummmm.... ahmmmm... deixa eu ver... .
Coisa boa! Não tem quase perdas a registrar. Na verdade só duas:
A pior delas: descoberta de coisas ruins, mentiras, traições, desonestedades, deslealdade de uma pessoa que eu muito amo e considerava. Perdi a confiança e sem confiança é difícil continuar amizades.
A outra: diminuição do tempo para o lazer e a curtição com os amigos.
Saldo do Balanço: P O S I T I V O
Metas para 2006:
Principal: continuar tendo os mesmos ganhos, acrecentar pelo menos mais uns 5 ganhos a esta lista e manter o score de SÓ 2 perdas anuais
Principal 2: voltar a amar e ser correspondida na altura e medida do que eu mereço.
Principal 3: emagrecer (observação: meta anual constante desde o ano de 1996. Tome vergonha, mulher)
E vou que vou que 2006 é o ANO.
Tsunamis?
De repente tsunamis, ciclones e furacões assolam a minha vida. Fico cá com meus botões pensando se é assim na vida de todo mundo. Claro que sei, e tenho certeza, que mudanças eventuais e não programadas, acontecimentos repentinos e outras cozitas mais, rolam na vida de todos. Mas tenho a impressão que comigo é que nem como acontece na natureza, como aconteceu com o tsunami na Ásia, ou seja, chega assim... sem avisar, de repente e subitamente.
Não que esteja reclamando. Muito pelo contrário. Como boa e típica sagitariana eu adoro isto. Mudanças são adoráveis para mim e a mesmice é intolerável. Paradoxalmente, adoro uma certa dose de constância... para algumas coisas, claro, para outras.... hum, nem pensar.
Quando resolvo, e faço isto de vez em quando, fazer sessões de retrospectivas na minha vida, me dou conta dos tsunamis que já chegaram e mudaram tudo. Uns mudaram para melhor, outros mudaram para pior. O saldo final? Sempre positivo e por isso, sempre, sempre e sempre tenho o sentimento de eterna gratidão por a vida ter sido sempre tão boa para mim. Reclamo sim, as vezes, mas sei que não tenho do que reclamar. Acho que é "vício genético" adquirido da minha mãe, a maior reclamona que este planeta já teve.
Mas, como estava dizendo, mais um tsunami passou pela minha vida. Um tsunami do bem, claro. Muita coisa tem acontecido do lado de fora e do lado de dentro.
Do lado de fora as melhores mudanças são as do meu trabalho e a minha casa... que tá ficando cada dia mais lindinha e aconchegante. Um parêntese: nunca liguei muito para essa coisa de casa, de decoraçao e sempre achei isto perda de tempo. Mas hoje em dia, sei lá porque, tô curtindo tanto decorar, melhorar, arrumar, investir, transformar, cuidar da minha casa. TDB para isto.
Do lado de dentro muita coisa mudou e continua mudando. Mas a principal delas é uma quietude interior gostossésima, a diminuição da ansiedade e do sentido de urgência para com tudo, um pouco mais de paciência para comigo mesma. TDB para isto também. Outra: maior atenção a mim mesma e dedicação a dar a mim o que REALMENTE me faz bem, não só coisas, mas principalmente pessoas e programas.
Realmente mudanças do lado de fora estão completa e totalmente entrelaçadas, uma puxa a outra, uma leva a outra, e não sabemos o que vem primeiro. Só sei mesmo que tá tudo muito bom, tá tudo muito bem e que nem peço ajuda divina, apenas peço para que nada chegue para atrapalhar o meu momento.
Ó Pai, ó vida boa!
Não que esteja reclamando. Muito pelo contrário. Como boa e típica sagitariana eu adoro isto. Mudanças são adoráveis para mim e a mesmice é intolerável. Paradoxalmente, adoro uma certa dose de constância... para algumas coisas, claro, para outras.... hum, nem pensar.
Quando resolvo, e faço isto de vez em quando, fazer sessões de retrospectivas na minha vida, me dou conta dos tsunamis que já chegaram e mudaram tudo. Uns mudaram para melhor, outros mudaram para pior. O saldo final? Sempre positivo e por isso, sempre, sempre e sempre tenho o sentimento de eterna gratidão por a vida ter sido sempre tão boa para mim. Reclamo sim, as vezes, mas sei que não tenho do que reclamar. Acho que é "vício genético" adquirido da minha mãe, a maior reclamona que este planeta já teve.
Mas, como estava dizendo, mais um tsunami passou pela minha vida. Um tsunami do bem, claro. Muita coisa tem acontecido do lado de fora e do lado de dentro.
Do lado de fora as melhores mudanças são as do meu trabalho e a minha casa... que tá ficando cada dia mais lindinha e aconchegante. Um parêntese: nunca liguei muito para essa coisa de casa, de decoraçao e sempre achei isto perda de tempo. Mas hoje em dia, sei lá porque, tô curtindo tanto decorar, melhorar, arrumar, investir, transformar, cuidar da minha casa. TDB para isto.
Do lado de dentro muita coisa mudou e continua mudando. Mas a principal delas é uma quietude interior gostossésima, a diminuição da ansiedade e do sentido de urgência para com tudo, um pouco mais de paciência para comigo mesma. TDB para isto também. Outra: maior atenção a mim mesma e dedicação a dar a mim o que REALMENTE me faz bem, não só coisas, mas principalmente pessoas e programas.
Realmente mudanças do lado de fora estão completa e totalmente entrelaçadas, uma puxa a outra, uma leva a outra, e não sabemos o que vem primeiro. Só sei mesmo que tá tudo muito bom, tá tudo muito bem e que nem peço ajuda divina, apenas peço para que nada chegue para atrapalhar o meu momento.
Ó Pai, ó vida boa!
11.12.05
Meu principe

Este é o meu príncipe encantado, a luz que ilumina minha vida, a coisinha mais linda e mais amada do mundo.
E não tem nada no mundo que se compare aos comentários dele:
- Vó, você está linda com essa roupa!
- Vó, eu te amo mais do que o tamanho do Rio de Janeiro.
- Vó, hoje é só nós dois, né? eu adoro ficar com você.
Sabe aquela sensação maravilhosa lá na boca do estômago? Pois é, é o que eu sinto com ele.
E isto vai se duplicar logo, logo, pois em junho serei brindada com mais um neto... ou neta!
Que Matéria Prima nós somos?

Um dos melhores textos que li nos últimos meses foi este do João Ubaldo. Muito realista e uma boa chamada para a consciência de todos nós. Já li e reli muitas vezes e cada vez me delicio mais com ele.
Acredito mesmo que vivemos uma época com grandes crises de valores e que é muito fácil de perder nas ondas "tsunâmicas" da atualidade.
Eis o texto:
"Precisa-se de Matéria Prima para construir um País"
João Ubaldo Ribeiro
A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar eFernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve. E o que vier depois deLula também não servirá para nada. Por isso estou começando a suspeitar queo problema não está no ladrão corrupto que foi Collor, ou na farsa que é oLula. O problema está em nós. Nós como POVO. Nós como matéria prima de umpaís. Porque "pertenço a um país onde a ESPERTEZA" é a moeda que sempre évalorizada, tanto ou mais do que o dólar. Um país onde ficar rico da noitepara o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseadaem valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente,os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondoumas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓJORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE ESTÃO.Pertenço ao país onde as "EMPRESAS PRIVADAS" são papelarias particulares deseus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto,folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para otrabalho dos filhos ...e para eles mesmos. Pertenço a um país onde a gentese sente o máximo porque conseguiu "puxar" a tevê acabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda paranão pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a impontualidadeé um hábito. Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano.Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruase depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas fazem"gatos" para roubar luz e água e nos queixamos de como esses serviços estãocaros. Onde não existe a cultura pela leitura (exemplo maior nosso atualPresidente, que recentemente falou que é "muito chato ter que ler") e não háconsciência nem memória política, histórica nem econômica. Onde nossoscongressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leisque só servem para afundar ao que não tem, encher o saco ao que tem pouco ebeneficiar só a alguns. Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicospodem ser "comprados", sem fazer nenhum exame. Um país onde uma pessoa deidade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido,fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dormepara não dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para ocarro e não para o pedestre. Um país onde fazemos um monte de coisa errada,mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes. Quanto mais analiso osdefeitos do Fernando Henrique e do Lula, melhor me sinto como pessoa, apesarde que ainda ontem "molhei" a mão de um guarda de trânsito para não sermultado. Quanto mais digo o quanto o Dirceu é culpado, melhor sou eu comobrasileiro, apesar de ainda hoje de manhã passei para trás um clienteatravés de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não.Não. Já basta.Como "Matéria Prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas nos faltamuito para sermos os homens e mulheres que nosso país precisa.Esses defeitos, essa "ESPERTEZA BRASILEIRA" congênita, essa desonestidade empequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos deescândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar,Fernando Henrique ou Lula, é que é real e honestamente ruim, porque todoseles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outraparte... Me entristeço. Porque, ainda que Lula renunciasse hoje mesmo, opróximo presidente que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesmamatéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderáfazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor, mas enquantoalguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios quetemos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, nãoserviu Fernando Henrique, e nem serve Lula, nem servirá o que vier. Qual é aalternativa? Precisamos de mais um ditador,para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui fazfalta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir debaixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou comoqueiram, seguiremos igualmente condenados, igualmenteestancados....igualmente sacaneados!!! É muito gostoso ser brasileiro. Masquando essa brasilinidade autóctone começa a ser um empecilho às nossaspossibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa muda... Nãoesperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam umMessias.Nós temos que mudar, um novo governador com os mesmos brasileiros não poderáfazer nada. Está muito claro...... Somos nós os que temos que mudar. Sim,creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda nos acontecendo:desculpamos a mediocridade mediante programas de televisão nefastos efrancamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e daestupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar oresponsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe)que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido.Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDOME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.E você, o que pensa?.... MEDITE!!!!!""JOÃO UBALDO RIBEIRO
O retorno - parte I

Nossa, desde setembro que não ando por aqui. 3 meses, tempo pra caramba.
Fiquei esse tempo todo completamente envolvida com meu trabalho. As vezes a vida da gente dá umas guinadas que nos tiram da rotina, né nao? Senti vontade de escrever algumas vezes, mas não consegui escrever, fiquei apenas na vontade.
Como boa sagitariana não gosto da rotina no trabalho, mas gosto da rotina (parcial) no meu dia-a-dia. Paradoxal? É, sei que é, mas combina comigo, repleta de paradoxos que sou. Adoro estar com pessoas e adoro estar sozinha. Adoro confusão e adoro sossego. Adoro doces e adoro salgados. Adoro mar e adoro montanha. Adoro trabalhar e adoro "vagabundar".
Aliás, pensando agora em minha vida me dou conta de inúmeros paradoxos que fazem parte da minha história. Hum, melhor deixar isso prá lá.
Hoje, depois de tanto tempo na fase "trabalho e reclusa" um barzinho fez parte da minha paisagem. Afinal, é dezembro, mês do ano que eu mais gosto. Começou a série "confraternizações de final de ano". A partir daqui é uma por dia, e em alguns dias mais de uma por dia. Foi-se pro espaço a dieta e a decisão de parar de beber. Com isso só tomando outra decisão: vou parar de beber depois do carnaval. Pronto, tá decidido! Assim não entro em conflito paradoxal.
Hoje minha querida amiga Fafá repassou as definiçoes da nossa confraternização do ano passado. As minha metas resumiram-se em apenas não ter metas para o ano de 2005, ou melhor, ter apenas uma meta para o ano de 2005:viver ao estilo Zeca Pagodinho.... deixar a vida me levar.
Hoje, percebi que foi sábia a minha decisão do final do ano passado. Deixei mesmo a vida me levar e tive boas surpresas com isso. Posso resumir que a vida passou no ano de 2005 e deixou um saldo extremamente positivo:
- construi meu próprio negócio e tive resultados profissionais excelentes
- consegui sair do vermelho na banco.
- consegui extrapolar o uso do cartão de crédito e chegar no final do ano com o cartão sob controle
- me adaptei (e muito) bem a morar sozinha e não me sentir sozinha
- entrei para um grupo maravilhoso e conheci pessoas maravilhosas.
- consegui depois de 16 anos passar uma data importante na minha terra natal.
- tomei gosto por cuidar da minha casa e redecorei ela quase toda.
- me curei de uma doença amorosa e descobri que a pessoa que eu amei nunca existiu... não da forma como eu achava que ela era.
- consegui emagrecer uns quilinhos
- dei o primeiro passo (apenas o primeiro, por enquanto) para parar de fumar
- aprendi que nem todas as pessoas que confiamos são confiáveis, mas não perdi a fé nas pessoas por isso.
Só tenho a agradecer pela vida que tenho. Não que ela seja perfeita, longe disso. E se fosse perfeita acho que nem graça teria. Mas sou realmente uma pessoa privilegiada e agradeço a Deus todos os dias por isso.
20.9.05
Questão de peso!

Quisera eu que o dia tivesse 48 horas e não 24. Assim eu daria conta de tudo e ainda sobraria tempo para fazer nada. Aliás fazer nada é algo que não faço tem tempo.
Porém quando penso na dieta que estou fazendo gostaria que o dia se reduzisse para 12 horas apenas. Daí eu poderia comer o dobro do que posso comer em 24 horas. Hum, como seria bom isso.
E por falar em dieta, tenho me olhado no espelho todos os dias e dito para mim mesma: criatura, toma vergonha nessa cara. Para com esse negócio de engorda e emagrece. Tu és um ser humano ou uma sanfona?
Pois é, não crio vergonha mesmo. Mais uma vez fui indo de quilo em quilo e cheguei no limite do insuportável. O incômodo é tão grande e a autoestima fica tão rasteira que acaba servindo de reforço e estímulo para a virada.
Começei a "mardita" tem 17 dias hoje. Segui a risca as recomendações do "Dôtor". Ops, exceto as caminhadas que não estou fazendo. As consequencias são boas e ruins.
As boas:
- TODAS AS MINHAS ROUPAS ESTÃO LARGAS
- AS ROUPAS GUARDADAS JÁ ENTRAM EM MIM.
- Me pesei hoje e perdi 3 quilos e 300 gramas.
- Faltam apenas 4 para a meta final. Se o ritmo for o mesmo serão mais 20 dias.
As ruins:
- atualmente comer feijoada é equivalente para mim a ter um orgasmo. Se eu comer uma barra de chocolate com certeza serão vááááários e ainda por cima múltiplos, com direito a atingir o ponto G e tudo o mais.
- tô tendo pesadelos com brigadeiros, pudins de leite, cocadas, pizzas, risotos e outras guloseimas mais. Eles andam, falam, gritam e CORREM ATRÁS DE MIM. O último pesadelo foi com um BIGMAC enorme tentando me seduzir pra eu comer ele. Num tô podendo com isso.
- semana que vem não vou resistir. Impossível. Meta final será adiada para 30 dias.
- descobri que possuo aquele sentimento horrível chamado inveja. Sabem de que? De quem come de tudo e de montão, não faz atividade física nenhuma e não engorda uma grama sequer. Morro de inveja disso.
E tenho dito!
12.9.05
Minha terra.... quanta saudade!

Mercado do Ver-O-Peso.
Tem uns nomes esquisitos na minha terra. Quer ver? Aí vai: Aeroporto de Val-de-Cans (que nome é esse?).
Ponto turístico que eu nunca compreendi, exceto pelas excentricidades e peculiaridades dos produtos que só vendem lá. Exceto isto e a beleza, se vista de longe, claro.... cheiro ruim, muita sujeira, um confusão só.

Açai!
Fresquinho! Tirado na hora! Tem em todo lugar, todo bairro, toda quadra. Estupidamente gelado, com farinha de tapioca! Seja depois do almoço ou no meio da tarde, ou a noite. Toda hora é hora.
E pensar que chamam isto que vende aqui no Rio de açai! Para com isso!

Tacacá!
Tomar tacacá no final da tarde, em uma barraca em qualquer esquina da cidade. Isso era no meu tempo, agora é a era dos shopping center e quase não vemos mais tacacazeiras nas esquinas. Uma pena!

Nossa Senhora de Nazaré
Padroeira da cidade. Nada no planeta se compara à procissão em sua homenagem: O Círio de Nazaré.
E tem mais... muito mais, e muito orgulho de ser Paraense!
Senso? Bom senso? Contrasenso? Sem senso? Ah! as pessoas...

Conversa fiada
[texto e fotos por Paulo Sampaio]
Nada de criar empatia ou tentar ganhar a confiança do entrevistado: a brincadeira aqui era interpelar pessoas a esmo e bater papos instantâneos, em entrevistas de no máximo quatro minutos.
Durante dias, a reportagem colheu dezenas de conversas rápidas e casuais em São Paulo e no Rio -a faxineira do prédio, a vendedora de pastel, as freqüentadoras da loja de grife ou da fila do cinema, o motoboy convertido, um gari que varria a orla, quem aparecesse.
O resultado mostra o quanto algumas pessoas são capazes de revelar de si mesmas em uns poucos minutos. Informados previamente de que a entrevista seria curta, alguns afiaram o discurso, outros capricharam na velocidade. E assim foi anotado.
Aparecida Isabel Ferrari, faxineira, 52, no elevador, entre o 11º andar e a garagem de um prédio de classe média (com três paradas)
Tempo: 2min50s
- Tudo bem?
- Como Deus quer.
- A sra. entrega muita coisa na mão de Deus?
- Ele é quem pode tudo...
- A sra. é católica?
- Evangélica, com a graça de Deus nosso Senhor.
- Acha que Ele olha por todo mundo igual?
- Com certeza.
- Mas a sra. trabalha tanto, parece tão cansada...
- A gente tem que trabalhar.
- Onde a sra. mora?
- Perto de Jundiaí, dá uma hora e meia daqui...
- Vem como?
- De trem...
- Vem sentada ou em pé?
- A maior parte das vezes em pé.
- Deus não arruma um lugar pra sra. vir sentada?
- Ele me dá forças pra ficar em pé.
Luciana Ribeiro, 31, estilista, saindo com a amiga Carolina Gonçalvez, 25, da loja D&G do shopping Iguatemi
Tempo: 3min32s
- Comprou alguma coisa?
- Não. Pago no máximo R$ 800 por uma peça. Aí, uma blusinha custa R$1.500.
- Qual foi a última peça que comprou?
- Um jeans, hoje de manhã. Paguei R$ 800.
- Está feliz?
- O que você acha? Claro! A pessoa que paga R$ 800 por um jeans e não está feliz tem que se matar.
- E essa bolsa (Louis Vuitton)?
- Ganhei do meu namorado. Eu escolhi. Tem que escolher, senão vem bomba.
- Quanto custou?
- R$ 2.500.
- Quanto tempo de namoro é necessário para ganhar um presente de R$ 2.500?
- Como assim? Eu estava com ele há um mês, mas isso não tem nada a ver. Quando a gente gosta, não faz diferença um mês ou um ano. Eu dei a ele uma carteira Louis Vuitton e uma Montblanc (caneta)...
- Antes ou depois de ele te dar a bolsa?
- Depois, mas eu já tinha dado uma bicicleta, com um mês.(Carolina intervém) - Ah, não, com um mês eu dou no máximo um cartão.
- Ainda estão namorando?
- Não.
Gilda Caldeira, 74, aposentada, na esquina das ruas Xavier da Silveira e Nossa Senhora de Copacabana, no Rio
Tempo: 3min32s
- Posso entrevistá-la?
- Claro, é pra onde?
- Folha de S.Paulo.
- Ah, São Paulo é bem melhor. Aqui, vou te dizer! Você viu agora, o camelô quase me arrancou a perna pra fugir do fiscal da prefeitura... A entrevista é pra Folha né? Eu tenho 38 anos de TV, fui garota propaganda, posei numa motocicleta para a concessionária Auto Industrial, ali na Real Grandeza (Botafogo), filmei para o Corpo de Bombeiros, para a Polícia Militar, tenho foto no álbum da Bolsa de Valores e fiz também teatro: Cleópatra e a princesa da Gata Borralheira. Moro em Copacabana desde 1940, meu filho, isso aqui (apontando para dois prédios) eram duas casas enormes com abacateiros no quintal. Vivia trazendo crianças que moravam debaixo da ponte, no centro, para conseguir vaga para elas nas escolas públicas aqui da zona sul. Só fiz o bem das pessoas e agora esse camelô, você viu?...
- É casada?
- Nunca dei certo com os homens. Tentei dos 15 aos 22 anos, mas cansei daquela história de ficar batendo e apanhando. Com um deles, marquei encontro na porta do clube, no Carnaval, e o gaiato apareceu acompanhado de duas.
- O que a sra. fez?
- Já estava meio desconfiada, então o esperei em cima de uma árvore. Dei um pulo na hora que eles passaram, não sei como não quebrei o dedo da mão e a perna.
- Vamos fazer a foto?
- Quando é que vai sair? É na Globo?
Stella Alves, 39, casada, dois filhos, gerente de uma sex-shop em Moema
Tempo: 3min12s
- O que fazia antes?
- Sempre dei aula de pompoarismo (exercício vaginal). O dono da loja me chamou porque tenho 12 mil alunas no currículo.
- Costuma encarar as clientes nos olhos quando explica como funciona um vibrador?
- Sempre. E essa é a minha orientação para as meninas (vendedoras). São treinadas para isso.
- Como?
- É preciso passar sinceridade, transmitir segurança. Elas têm que acreditar no produto.
- A sra. as orienta a experimentá-los?
- Claro, elas têm de conhecer. Cada uma tem o seu..
- O que mais?
- Digo a elas que não se deixem levar pelo lado pessoal. Então, se a cliente diz que quer comprar um vibrador para introduzir no marido, elas não podem reagir com espanto, tipo: "Ãhn!?"
- E se a cliente propõe uma transa com a vendedora?
- É preciso saber conduzir a venda, não misturar as coisas. Vendedora de sex-shop não tem sexo.
- Quantos vibradores a senhora tem?
- (contando) Seis, só.
Rode d'Agostino, 31, publicitária, solteira, que queria assistir ao filme japonês "Zatoichi", errou de cinema e foi parar no Espaço Unibanco
Tempo: 2min18s
- Gosta de assistir filmes aqui?
- Aqui tem clima de cinema. O público é mais educado, bem comportado.
- Muito intelectual?
- Eu gosto disso. Mesmo que seja só tipo... -
Que tipo você faz?
- Esse também. Venho aqui e faço carão de intelectual no cinema.
- Acha que faz o tipo "Espaço Unibanco de Cinema"?
- Com os óculos, sim.
Claudivan Pereira, 20, vendedor-locutor, alagoano, mora em São Paulo há pouco mais de um ano, trabalha na rua Gal. Carneiro
Tempo: 2min16s
- Foi seu patrão quem inventou o texto que você diz ou é de sua autoria?
- Sou muito criativo..Se você observou, não fico apenas dizendo palavras como boneca, brinquedo, panela de pressão. Tem uma idéia unindo as frases.
- Você parece ter intimidade com o microfone..
- Muita.
- Costuma cantar?
- Canto na igreja. Quero me profissionalizar, esse é meu sonho. Gostaria também de ser apresentador de TV.
- Já tentou concurso de calouros?
- Não.
- Acha que pode ser descoberto por um produtor que esteja passando?
- Sabe que isso sempre me passa pela cabeça...?
Prostituta na rua Augusta
Tempo: 19s
- Entrevista? Sem dinheiro não adianta nem chegar...
Cena inacreditável no domingo

Saio de casa, junto com minha filhota e meu rei, para ir almoçar. Vamos andando pela calçada da minha rua em direção ao restaurante. A poucos metros a calçada da rua estreita muito, a ponto de não dar para ver as pessoas que vêm em sua direção, até o momento em que elas já estão na sua frente.
Chegando neste ponto da calçada me deparo com uma mulher grávida, barrigão enorme que, por estar um dia ensolarado e com calor, encontrava-se todinha exposta à vista de todos.
No exato momento em que cruzo com a mulher, e por sinal a calçada é tão estreita que temos que dar um jeitinho para cruzar com as pessoas, escuto a mulher, dedo em riste, dizer com a maior natguralidade do mundo, em alto e bom tom: "quero mais é que tu vá pra puta que te pariu, que tu te foda todinho".
Arregalei os olhos e virei para olhar para minha filha e meu rei, que vinham andando logo atrás de mim. Ela, olhos arregalados também, mas já não conseguindo segurar a gargalhada, também olhou para a mulher grávida. Daí percebemos que ela estava dizendo isto para o homem que estava andando logo atrás dela e ao lado de outra moça.
Não teve jeito, caimos na risada ali mesmo na calçada. E seguimos rindo da cena tragicômica até o restaurante.
8.9.05
Uma noite de sonho e pesadelo anterior

Recebo o convite do casamento e entro em estado de choque. Cerimônia na Candelária as 20 horas seguido de festa na Ilha Fiscal com transporte efetuado por ônibus fretado.
Não acreditei quando li e não tive mais paz depois que li. Cai na célebre armadilha feminina: pronto, não tenho roupa para ir, o que faço?
Apelo para o pedido às amigas. Não deu certo. Uma magra demais, outra gorda demais, uma alta demais, outra tem um gosto bem diferente do meu. Que falta as irmãs fazem nesta hora. Lá na minha terrinha nunca passei por este sufoco, pois sempre no guarda-roupa de uma das 6 irmãs tinha um "sobresalente" para eu aproveitar nessas ocasiões.
Depois de horas e horas gastas em pensar em possibilidades de combinar meus trapos, compor isto com aquilo, jogar isto em cima daquilo, tirar um pedaço deste e colocar naquele.... nenhum resultado.
Decido então: não vou ao casamento. Dura pouco esta decisão, porque logo me pergunto: como não vou? Nunca fui na igreja da Candelária e nem na Ilha Fiscal. Vou perder a oportunidade de uma boca livre dessa com direito a todas essas mordomias? Ah, num vou mesmo.
Lembrei-me então de uma das minhas 1.985.843 vezes pelo Saara. Sei que vi uma loja que vende vestidos lindos de festa e deve di ser barato, afinal é Saara, gente!
Saio eu então rumo a peregrinação Saarística. Mas antes, já que não sou boba nem nada, planejo direitinho o roteiro, pois só tenho 2 horas para o meu achado: a "chave" para poder ir ao casamento faraônico.
Traçei um mapa mental do Saara e começei minha caminhada, cabeça virando prum lado e pro outro enquadrinhando todas as vitrines das lojas para descobrir a que tinha roupa de festa. Depois de 30 minutos caminhando e já tendo andado por 3 ou 4 ruas encontrei uma. Meu coração disparou de emoção. Parecia que havia encontrato um tesouro.
Entrei, olhei os modelitos e, principalmente, os preços, anotei tudo num caderno e sai. No estado de dureza que me encontro tinha que pesquisar mais possibilidades de comprar mais com menos.
E dá-lhe a andar. As pernas não aguentavam mais, porém eu estava obstinada e segui adiante. Acabei andando praticamente todo o centro da cidade, a passos rápidos, e cabeça virando de um lado para o outro mais rápido ainda, para não perder nenhuma loja de vista.
Entrei numas 8 lojas e sai de cada uma delas cada vez mais desanimada. A cada minuto que passava, parecia que era impossível fazer a aquisição da "chave". Até que no limite das 2 horas disponíveis não tive outra saída a não ser voltar pro ponto de partida: a primeira loja.
Quando lá cheguei a vendedora, muito atenciosa, por sinal, me levou para o final da loja e meu queixo quase caiu, meus olhos ficaram vidrados e meu coração parecia que ia saltar pela boca.
Ultrapassei o limite de mais 2 horas, garimpando nas araras e depois no provador, a bom vestir e tirar vestidos.
Não bastasse mais nada entrei numa crise de indecisão: o vermelho? o azul? o preto? ou o laranja? Daí apelei. Sai da cabine e, que nem uma louca, saí perguntando pra todo mundo que lá estava: ei, pode dar sua opinião de qual ficou melhor em mim?
De posse da opinião quase unâmine de que o AZUL era o melhor, saí eu mais do que feliz, porque além de melhor era o MAIS BARATO. Além disso tudo, estava me sentindo a verdadeira Cinderela no dia do baile do principe, pois o vestido é mesmo lindo demais.
Enfim chegou o dia do casamento e me dediquei a toda uma produção cujo resultado foi M A R A V I L H O S O.
Fiquei linda!
Só foi uma pena por que a Lei de Murphi decidiu dar sinal de vida e nenhuma foto ficou boa.
O casamento foi lindo e prá variar eu me emocionei e chorei. Não sei porque cerimônias de casamento me emocionam tanto.
A festa foi mais maravilhosa ainda e a Ilha Fiscal é um lugar mágico e lindo de morrer. Uma hora fiquei apreciando a torre, que tem um relógio da época que a construção foi feita e que funciona até hoje e viajei imaginando as festas que já rolaram alí e que só sei delas pela história do país ou passando os olhos em revistas.
Cheguei a me arrepiar de tanta emoção.
Um pouco de informação sobre A Ilha Fiscal:
Disputada no século XIX pelos ministérios da Marinha e da Fazenda - o primeiro querendo instalar um posto de socorro marítimo e o segundo, um posto aduaneiro -, a então Ilha dos Ratos ficou sob a guarda da Fazenda. Em 1881, teve início a construção de um edifício dedicado à fiscalização alfandegária, com projeto assinado pelo engenheiro Adolpho José Del Vecchio. Pouco tempo depois, a ilha foi visitada por D. Pedro II. Conta-se que, encantado com a magnífica vista da baía, o Imperador considerou-a um "delicado estojo, digno de uma brilhante jóia". Del Vecchio, então, admirador do estilo gótico, projetou um castelo inspirado nas construções francesas do século XIV. O projeto recebeu Medalha de Ouro ao ser apresentado na exposição da Escola Imperial de Belas Artes. Em 27 de abril de 1889, a obra foi inaugurada com a presença do Imperador, utilizando-se no transporte a famosa Galeota Imperial, hoje exposta no Espaço Cultural da Marinha. Da construção, sobressaem o excepcional trabalho em cantaria, executado por Antônio Teixeira Ruiz, os mosaicos do piso do torreão, obra de Moreira de Carvalho, na qual foram utilizadas mais de uma dezena de espécies de madeira, além das belas agulhas fundidas por Manuel Joaquim Moreira. Também merecem destaque a pintura decorativa das paredes de autoria de Frederico Steckel, o relógio da torre e a magnífica coleção de vitrais importados da Inglaterra.
fonte Rio Tur
AMOR

Eu quero um amor.
Quero um amor que seja muito maior do que eu.
Que faça florescer em mim o meu melhor.
Um amor terno que me provoque suavidade.
Um amor cúmplice que me comprometa por inteiro.
Um amor companheiro que gere planos e projetos em comum.
Um amor parceiro que me inclua totalmente no seu seio.
Não quero um amor qualquer, sorrateiro, passageiro, marginal e bandido.
Disso já escapei e passo batida.
Isto só faz vir de mim o que eu tenho de pior.
Nem quero um amor que não me nega nada
E tampouco o que não me entrega nada
E ainda por cima arranha meu coração.
O que quero é um amor que se instale como posseiro dentro do meu coração
E que nele plante harmonia, companheirismo,
cumplicidade, paz, alegria e determinação
para superar as dificuldades que, com certeza, virão.
Quero um amor forte e convicto
capaz de enfrentar todas as dificuldades
e superar todas as diferenças.
Mas como não sou poeta,
vou falar dos meus sonhos e anseios de amor
com essa bela música que fala grande e alto
sobre o amor que eu já vivi com meu amado EJS
e sobre o amor que eu espero e ainda vou viver:
Teresinha
Chico Buarque
O primeiro me chegou
Como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia
Trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens
E as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio
Me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada
Que tocou meu coração
Mas não me negava nada
E, assustada, eu disse não
O segundo me chegou
Como quem chega do bar T
rouxe um litro de aguardente
Tão amarga de tragar
Indagou o meu passado
E cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta
Me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada
Que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada
E, assustada, eu disse não
O terceiro me chegou
Como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada
Também nada perguntou
Mal sei como ele se chama
Mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não
Se instalou feito um posseiro
Dentro do meu coração